Família pode ser uma fonte de apoio extremamente importante. No entanto, é comum ter dúvidas sobre como ajudar uma pessoa dependente de drogas, especialmente por que esse é um assunto bastante delicado e nem sempre se sabe como agir e contribuir com o ente querido.
Se você está passando por uma situação desse tipo, o objetivo deste post é auxiliá-lo com orientações sobre como ajudar um dependente químico na família. Confira!
Entenda a dependência como doença
Esse é o primeiro passo de qualquer tratamento anti-drogas. Afinal, a dependência é um processo de adoecimento físico e mental. Inicialmente, é preciso compreender que há sempre algum conflito psicológico por trás da dependência, como traumas anteriores ou até mesmo outras doenças psiquiátricas, como depressão, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno bipolar etc.
Além disso, a droga modifica as conexões do cérebro da pessoa, escravizando todas as emoções e pensamentos. Assim, o usuário perde a capacidade de fazer escolhas corretas.
Consequentemente, ele perde o interesse em outras atividades e começa a acumular prejuízos, como um possível (e muitas vezes provável) perda de emprego. Na medida em que sua vida começa a ruir, a droga se torna uma fuga dos problemas e o vício aumenta.
Eduque-se sobre o vício
As características e as consequências do abuso de drogas variam de acordo com a substância. Por isso, para ter uma compreensão melhor sobre a situação, é preciso se informar a respeito do tipo de vício.
Busque saber o máximo possível sobre o tipo de droga que está sendo utilizada, seus efeitos e outras características. Dessa forma, você terá maior preparo e noção do que esperar. Além disso, os tipos de tratamento e de reabilitação também mudam de acordo com cada caso.
Lembre-se de que, na hora de coletar informações, é preciso ter cuidado com as fontes. Não confie em tudo o que achar na internet: procure por sites médicos ou científicos seguros e confiáveis. Outra opção é conversar com profissionais de confiança que tenham qualificação para falar sobre o assunto ou buscar outras famílias que tenham passado por situações semelhantes.
Faça uma abordagem sem julgamentos
Quando for conversar com o dependente químico, é importante ter empatia e demonstrar compreensão e apoio. Procure não julgá-lo nem confrontá-lo. Apenas converse de forma calma e sincera: fale das suas preocupações e mostre que você está do lado dele.
Também é importante não comparar a pessoa com ninguém nem abordá-la de maneira agressiva. Atitudes como essa apenas pioram a situação e levam o indivíduo a mentir ou esconder suas ações.
É comum que o dependente químico não reconheça que tem um vício. Nesse caso, você pode comentar, por exemplo, sobre suas mudanças de atitude. Com calma, incentive-o a procurar ajuda.
Você pode falar sobre os tipos de cuidados e tratamentos existentes, se oferecer para procurar por profissionais e apoiá-lo durante o processo. Se ele se recusar, uma ideia é abordar com paciência e pedir que, em um primeiro momento, ele aceite pelo menos conhecer as opções.
Ajude a pessoa a entender que precisa de ajuda
Como tudo o que envolve o mundo psicológico, as pessoas tendem a se culpar bastante e achar que têm de resolver os problemas sozinha. Acreditam que somente a força de vontade será capaz de auxiliá-la. No entanto, as coisas não funcionam assim: a química das drogas muda o funcionamento do cérebro, tornando a pessoa “escrava do vício”.
Então, à medida que tenta parar, mas não consegue, a autoestima dela diminui e a faz pensar que jamais abandonará as drogas. A família, assim, tem um papel essencial para encorajar o dependente e devolver sua fé em si mesmo.
Para isso, mostre como o processo é complexo e difícil, mas superável caso haja ajuda profissional e que a família estará sempre presente para dar todo o suporte necessário. Explique que há terapias psicológicas e medicamentos eficazes que diminuem o sofrimento da abstinência.
Observe o comportamento
Quando falamos para não julgar o dependente, não estamos falando que a família terá um papel passivo, muito pelo contrário. A ajuda dos entes queridos é essencial, principalmente em relação à observação do comportamento. Isso ajuda o psiquiatra e toda a equipe multidisciplinar a lidar melhor com as particularidades de cada paciente.
Há aqueles que estão usando drogas por anos e já exibem traços de agressividade, criminalidade e fortes crises de abstinência. No entanto, também há quem já deseja largar as drogas, mas precisa de ajuda para lidar com os sintomas físicos e psicológicos. Para cada caso, a equipe vai lidar de uma forma completamente diferente e personalizada.
Ajude a identificar o nível de dependência
Como a maioria das doenças, a dependência química piora com o tempo caso não haja tratamento adequado. Ou seja, não é preciso esperar que a pessoa perca o emprego, o casamento e as amizades para tomar uma atitude. Portanto, não tenha medo de abordar o assunto desde que você respeite a condição dela, mas lembre-se: sem fazer acusações ou julgamentos.
Por contar com a confiança do dependente, o familiar tem mais chances de receber uma resposta sincera às seguintes perguntas, que serão essenciais para nortear o tratamento:
- você já tentou parar de usar drogas?
- o que você fez nessas tentativas?
- por que você acha que não deu certo?
- no momento, você tem vontade de parar? Por quê?
Além disso, você pode observar o grau de motivação dela para outras atividades, os prejuízos acumulados etc.
Estabeleça limites para lidar com o dependente químico
Demonstrar apoio é importante, mas é preciso ter cuidado para não incentivar ou encobrir o uso de drogas. Faça a abordagem com carinho e tranquilidade, mas coloque também limites. Mostre, por exemplo, que você não concorda nem vai contribuir para o uso da substância.
Não dê dinheiro para o sustento do vício nem estipule horários em que a droga possa ser consumida. Em vez disso, mostre que você se importa com e está ao lado dele na busca pela recuperação.
Una-se à família
É importante que a família se mantenha unida e que todos apoiem uns aos outros. Isso fortalece a todos e ajuda a lidar com a situação. Assim, busque se unir a seu companheiro, seus filhos ou qualquer outra pessoa de confiança que possa apoiá-lo.
Não corte os laços afetivos com o dependente químico
Se alguém tem um câncer grave, toda a família se une para ajudar, não é mesmo? A dependência é doença e, portanto, é preciso ter a mesma união. Como o câncer, se não tratada, pode reduzir a vida da pessoas em muitos anos.
Sabemos que o processo é difícil para os familiares, pois normalmente há muitos conflitos com o usuário. Intuitivamente, acreditamos que discussões e xingamentos vão fazer a pessoa acordar. Porém, o que as pesquisas — e a prática mostram — é a importância do afeto.
Quando o dependente se sente amado, ele se motiva a parar, pois quer mostrar o seu melhor. Por outro lado, se ele foi abandonado, ele perde a esperança e começa a pensar: “de que adianta eu parar? Eu já perdi todos que amava mesmo!”.
Entre em contato com outros
Participar de grupos de apoio, falar com outras famílias e conhecer experiências semelhantes é muito válido. Isso ajuda a perceber que não se está sozinho, mostra possibilidades que talvez você não conhecesse e fortalece. Existem muitas maneiras de fazer esse contato, como os grupos de apoio para familiares e as rodas de conversa.
É válido lembrar, ainda, que a dependência química é uma doença genérica e a família deve estar preparada da melhor forma. Não hesite em procurar apoio e aconselhamento profissional com médicos e psicólogos, por exemplo.